sexta-feira, 15 de março de 2013

Resumo da apresentação


Resumo da apresentação
Neste poema poema podemos verificar que o poeta constata que não existe natureza, ou seja, se considerarmos a natureza como sendo uma associação de elementos feita pelo nosso pensamento, podemos ver que isso não existe. O que o sujeito poético diz que existe são os elementos soltos da natureza, ou seja, o rio, as pedras.
Desta forma, podemos ver que o sujeito poético valoriza aquilo que é próprio dos nossos sentidos, nomeadamente da visão ao invés de valorizar aquilo que é próprio da razão ( como acontece com os outros heterónimos de fernando pessoa e também com o próprio ortónimo ). Sendo assim, este é considerado o mestre de todos os outros, visto que ao valorizar os sentidos, não tem as preocupações e o desassossego em si  de tentar sempre procurar mais qualquer coisa para ser feliz, pois este heterónimo aceita as coisas tal como elas são. Daí noutros poemas de Fernando pessoa os outros heterónimos e ortónominos expressarem o desejo de quererem ser como o seu mestre, Alberto Caeiro.

Inês Moura

terça-feira, 12 de março de 2013

Hopper

Em pleno século XX, Daniele, um judeu de terna idade e recém-casado com a esbelta Gloria, vê-se confrontado com o início da segunda guerra mundial. O jovem italiano assumindo a rédeas da família e mostrando o papel de chefe de casa como é normal aos olhos da sociedade destes anos, procura solução para o problema e rapidamente se denota com a incapacidade de o resolver devido á rápida intervenção nazi á procura do povo judeu para o exterminar.
Já não são poucos os que trabalham nos campos de concentração, fora aqueles que nem a enterro tiveram direito. Daniele procura então, no jornal, saber o que pode fazer, as saídas possíveis como emigrar para o continente do outro lado do oceano, a grande América. No entanto, o abastado contabilista perde com estas semanas de pensamento e stress, que sua mulher existe, aquela alta, bela e atraente mulher italiana que dos seus olhos verdes se havia encantado e que esta faz parte da família e que precisa tanto apoio como ele. Esquece-a e deixa-a desolada ao piano, aquele instrumento que às mãos de Gloria se torna algo surreal e que por momentos faz esquecer os próprios problemas. Glória já não sente o prazer do piano, e senta-se apenas a observa-lo pois é a maneira mais fácil de estar perto de Daniele. E a esta triste e pesada imagem chegamos, a um retrato de uma família que nos momentos difíceis se afastam e se esquecem involuntariamente criando então a mágoa que do amor, carinho e atenção é oposto.

“Eu nunca guardei rebanhos”
Este é o primeiro poema do heterónimo, Alberto Caeiro, de Fernando Pessoa. É o primeiro de 49 poemas que constituem “O Guardador de Rebanhos” e que segundo Fernando Pessoa este poema foi escrito, na carta a Adolfo Casais Monteiro, quase todo o dia 8 de março de 1914, “o dia triunfal” da sua vida. Esse dia triunfal fora então o dia em que surgiram os três heterónimos de Fernando Pessoa (como o stor mostrou na curta metragem).
Passando ao poema, o poeta apresenta-se como pastor, o poeta da natureza, de olhos ingénuos sempre abertos para as coisas (versos 3,5-6,31-33).
O sujeito poético estabelece com a natureza uma relação de simbiose que se manifesta na forma como “conhece” os seus elementos e se liga a eles “E anda pela mão das estações” Jacinto Prado Coelho diz: “Logo no começo do poema se declara pastor por metáfora. De pastor tem o deambulismo (“eu não tenho filosofia: tenho sentidos”, ”com filosofia não há árvores, há ideias apenas”), o andar constantemente sem destino, absorvido pelo espetáculo da inexaurível variedade das coisas. Anda a seguir passivamente, com o espírito concentrado numa atividade suprema: olhar. Os seus pensamentos não passam de sensações. Vive feliz com os rios e as plantas, gostosamente integrado nas leis do universo.” Oscar Wilde – “Com liberdade, livros, flores e a lua, quem não pode ser feliz?”
v.4-6 Conhecer é diferente de estabelecer, pois conhecer não exprime o estado de espírito
Caeiro surge-nos neste poema como o poeta da objectividade do imediatismo das sensações: v.7-8. Aqui o poeta deseja que os seus versos levem os leitores a imaginá-lo como uma coisa natural, como uma árvore, por exemplo, á sombra da qual se sentavam, quando crianças, cansados de brincar. Também podemos entender a ideia de Eu sou um quadro da paisagem, eu faço parte da paisagem.
v9-10 alguém com estas características não era susceptível que ficasse triste porque a tristeza constitui uma modelação do estado de espírito e alguém assim não tem modelações. O poema resolve esses problemas pois “mas eu fico triste como um por do sol”, logo á partida o por do sol é triste ou é contente? Só é contente ou triste perante os olhos de quem o observa. “para a nossa imaginação”, no entanto imaginação é uma coisa que ele não tem, porque tudo o que ele diz é do domínio do concreto,  então ele automaticamente está-se a excluir desta tristeza. A tristeza do sujeito poético é causada pelo fim do dia, no momento do por do sol, quando a noite cai sobre a natureza, o sujeito poético terá mais dificuldade em ver o que se passa á sua volta e em caeiro, a visão é primordial. (poema II Guardador de Rebanhos, “o meu olhar é nítido como um girassol”) Ainda no verso 9, a conjunção adversativa “mas” chama a atenção para o facto de ser contraditória a tristeza que o sujeito poético vai confessar, pois se ele tem á sua volta tudo aquilo que deseja, como poderá sentir-se triste?



Na 2ª estrofe a tristeza é identificada com sossego, o que funciona como uma espécie de negação da tristeza anteriormente expressa, pois refere-a como positiva ao identificá-la com sossego. Essa tristeza é tranquila, porque tem em si a naturalidade das coisas simples, e está aqui em evidencia a aceitação do real tal como ele se apresenta, sem contestação nem interferência do pensamento.
Nas estrofes 3 e 4 o sujeito poético defende que a recusa do ato de pensar é a via para alcançar a paz e a felicidade, pois quando afirma ter “pena de saber que”(v.22) os seus “pensamentos são contentes”(v.22), o sujeito poético esta a colocar o acento tónico no verbo “saber”(conhecimento que é trazido através do ato pensar). “Se não o soubesse”(v.23), seria completamente feliz, assim é paradoxalmente “contente” e “triste” e a tristeza advém-lhe da consciência de saber. Assistimos então á presença de um oximoro (é uma figura de estilo que harmoniza dois conceitos opostos numa só expressão, formando assim um terceiro conceito que dependerá da interpretação do leitor) contido no verso 24 “contentes e tristes”. Tambem vemos a presença de um pleonasmo (redundância da expressão, enfatizando-a) no v.25 “alegres e contentes” e a comparação expressa no verso 26 “pensar incomoda como andar á chuva”.
Finalmente Caeiro apresenta-se como anti-metafísico, negando o valor ao pensamento v.21-25 o pensamento tem mesmo um valor negativo: se não pensasse os seus versos não teriam nada de tristeza, seriam apenas “alegres e contentes”. “Pensar incomoda como andar á chuva” e foi este incómodo de pensar que Fernando Pessoa nunca conseguiu evitar. Já vimos como a dor de pensar sempre o torturou, inventando muitas saídas para o drama do seu “eu” dividido entre o real e o imaginário, entre o ser e o não ser, tal como em chuva oblíqua. A tentativa mais radical de fugir á dor de pensar foi esta de transferir a sua alma para um poeta bucólico que olha e sente o mundo com a simplicidade com que a criança olha uma flor. Mas nem assim o poeta consegue libertar-se da inteligência que vem sempre toldar a simples alegria de ver: “Os meus pensamentos são contentes./ So tenho pena de saber eu são contentes”, porque assim ficam contentes e tristes. A plena felicidade exige não so o olhar simples de uma criança mas também a sua inconsciência. Não é apenas nisto que o sistema de Caeiro claudica. Como se pode ver, por exemplo no poema V de Guardador de Rebanhos, o poeta não é capaz de dispensar nem o pensamento, nem o raciocínio, nem a inteligência, para nos convencer de que para ele há apenas sensações “Eu não tenho filosofia: tenho sentidos”. O que podemos concluir é que o poeta ao negar a metafísica, está a construir uma anti-metafisica.
Ao analisar a linguagem e o estilo vejo que existem sinais de contradição no discurso deste poeta, e Jaqueline Seabra observa: “ o poeta se visualiza a si mesmo em termos metafóricos: um pastor, de cajado na mão, guardando seu rebanho. Caeiro é então, como os outros heterónimos, um poeta metáfora” Na realidade a metáfora não esta ausente deste poema, pois o poeta escreve versos num papel que é o seu pensamento, olhando para o seu rebanho ve os seus pensamentos e olhando para os seus pensamentos ve o seu rebanho, donde se conclui que o rebanho é os seus pensamentos, ideias e vice-versa. O quiasma( cruzamento simétrico de rebanho-pensamento, pensamento-rebanho) acentua a expressividade da metáfora. 

sábado, 9 de março de 2013


Pauis
O título deste poema mostra a forma como pessoa se sentia, pauis significa pântano e Fernando pessoa assimilou-o a ambientes de sombrios, parados.
O poema que eu vou apresentar faz parte da obra ortónima de Fernando Pessoa. Ou seja é um poema assinado pelo seu próprio nome. Esta obra é de grande valia embora seja bastantes vezes ofuscada pela dos seus heterónimos.
Os temas da obra ortónima e que se podem verificar neste poema são, a identidade perdida, a consciência do absurdo da consciência, dor de viver etc.. Pessoa ortónimo é por isso marcado por uma tristeza, uma falta de energia. Existe um sentimento em pessoa de tédio e leveza.
Pauis no primeiro verso significam estagnação de espirito.
Existe uma ideia vaga da tristeza provocada por uma estagnação talvez da alma ou de espirito. Podemos verificar isso através das frases no poema.
Existe uma ansiedade pelo que não se tem, o distante, o inatingível sugerido por verbos ligados á ideia de vontade.
Há neste poema um conjunto de palavras e expressões que se situam no âmbito de um campo semântico revelador de dois sentimentos do poeta: "paúis" (paúl é um pântano de água estagnada), "ânsias", "empalidece, "corre um frio carnal por minh'alma", "estagnado", "grito de ânsia", "pasmo de mim", "desfalecer", "oco", "dia chão" (dia chato), "sentinela hirta", "silêncios futuros". Tudo isto aponta "para qualquer coisa de estático, projecção focada sobre qualquer coisa de opressivo" (Maria Aliete Galhoz). Mas aponta sobretudo para o poeta que se sente sufocado, oprimido (frio carnal na minh'alma, pasmo de mim, o meu abandonar-me a mim próprio até desfalecer) e sentindo ainda o desejo de se libertar, embora já frustrado, (grito de ânsia, estendo as mãos para além, mas ao estendê-las já vejo que não é aquilo que desejo...). O poeta chega à conclusão de que não pode sair do círculo apertado onde se meteu. Por isso, limita-se a olhar ansiosamente os horizontes distantes e, mesmo estes, com limites de ferro: Trepadeiras lambendo os Aléns, silêncios futuros, longes trens, portões vistos de longe... tão de ferro!
São evidentes no poema as influências de Decadentismo-Simbolismo.

"Hora" está aqui como personificação do tempo presente, do aflitivo tempo do poeta, como se fosse uma prisão.
O poeta sente-se encarcerado no presente, que o mesmo é dizer, prisioneiro de si próprio. "Tão sempre a mesma hora" é, afinal, equivalente a: sempre esta minha angústia!... Quando o poeta afirma que "a Hora expulsa de si tempo", quer dizer que o tempo vai passando; mas acrescenta logo que isso é apenas "onda de recuo que invade o seu abandonar-se a si próprio até desfalecer". Isto é, o tempo passa, mas a situação angustiosa do poeta (a Hora) permanece. Por isso, "um mudo grito de ânsia põe garras na Hora" (na angústia presente do poeta).
O passado, o futuro, o presente, estão bem marcados no poema. Referem-se ao passado: "dobre longínquo de outros Sinos", "Ó tão antiguidade", "onda de recuo que invade o meu abandonar-me a mim próprio até desfalecer".
Esta última expressão leva-nos à conclusão de que as memórias do passado servem ainda para alimentar a angústia do presente. Referem-se ao futuro: "Estendo as mãos para além", "Trepadeiras de despropósito lambendo de Hora os Aléns", "...silêncios futuros...", "Longes trens...", "Portões vistos de longe... tão de ferro!" também este olhar para o futuro não suaviza o presente do poeta. Antes, é o presente que proteja a angústia para o futuro que surge como inatingível (portões vistos de longe... tão de ferro!). De notar como aqui o espaço se identifica com o tempo: o poeta sente-se prisioneiro do espaço e do tempo.
O fulcro da angústia situa-se no presente, na Hora. É verdade que o presente, como se viu atrás, lança, por vezes, tentáculos para o passado e para o futuro. Mas esses tentáculos logo se recolhem ao presente carregados de desilusões. Vemos agora mais claramente a razão da maiúscula de Hora: esta é o presente que sintetiza o passado e o futuro, é o poeta no seu cárcere invisível.
Note-se que uma das razões da angústia do poeta é uma espécie de desintegração da personalidade, sensação essa que daria origem à criação dos heterónimos, ao seu "drama em gente": O mistério sabe-me a eu ser outro...

quinta-feira, 7 de março de 2013

Poema:Sou um guardador de rebanhos


1ª Estrofe:
Nos primeiros versos o autor, através duma metáfora, compara-se a um pastor em que o rebanho é os seus pensamentos.
Depois descreve os pensamentos como sendo sensações que ele recebe através de todos os órgãos de sentidos.

Ou seja, o que autor quer dizer com isto é que sendo ele dono dos seus pensamentos também os guarda e mantem juntos tal como o pastor faz com o seu rebanho. Ele diz que pensa com os olhos, os ouvidos, os pés, as mãos, o nariz e a boca, o que significa que os seus pensamentos surgem através do que ele apreende através dos cinco órgãos dos sentidos audição, visão, tato, olfato e paladar.


2ª Estrofe:
Nestes dois versos o poeta diz que pensar é sentir

Ele dá exemplos dizendo que “pensar uma flor é vê-la e cheirá-la” o que significa que basta ele pensar em algo e vai sentir como se estivesse perto do objeto pois pode sentir o cheiro duma flor sem ela estar na sua presença, porque reteve essas sensações no seu pensamento.
Também diz que “comer uma fruta é saber-lhe o sentido”, ou seja através do contacto direto com o objeto, feito através dos sentidos ele compreende esse objeto.

3º Estrofe:
Na 3ºestrofe o autor explica que quando se sente triste por viver um dia com tanta intensidade, deita-se na erva, ou seja junto da terra e da realidade, fecha os olhos e consegue assim contactar com a verdade e ser feliz.
Parece que o autor nos está a dizer que podemos acabar com a tristeza se nos deixarmos de grandes pensamentos complicados e nos ficarmos pelo que nos dão os nossos sentidos, pois é através deles que contactamos com a realidade e podemos ser felizes.
 


terça-feira, 5 de março de 2013

Apresentação oral: Há metafísica bastante em não pensar em nada

            Eu apresentei o poema Há metafísica bastante em não pensar em nada  de Alberto Caiero, mas antes disso falei um pouco sobre este heterónimo.
            Ele é considerado o mestre dos heterónimos pelo próprio ortónimo, Fernando Pessoa. Isto acontece pois, devido à sua forma encarar o mundo, ele consegue viver sem dor e não envelhece em angústia, dado que não procura encontrar o sentido para a vida.
            Alberto Caeiro é extremamente objectivo, por isso vê as coisas como elas são, eliminando todos os vestigíos de subjectividade, daí que ele escreva de forma simples, concreta e directa, mas que, ainda assim, é complexa do ponto de vista reflexivo.
 
1ª Estrofe
            “Não pensar em nada”? O que é? Podemos comparar com as frases: “fui à loja e não comprei nada” ou “tu não jogas nada”. Segundo essa lógica “não pensar em nada” é o mesmo que não pensar. Porém, a meu ver, comprar e jogar não está no mesmo domínio que pensar daí que “pensar em nada” seja não pensar e por conseguinte “não pensar em nada” é pensar em alguma coisa, é pensar nas coisas e na sua essência. Por outro lado temos a metafísica, que é o domínio da filosofia que se ocupa com as questões do ser e do existir. Então pensar nas coisas é pensar na sua metafísica, o que para o poeta não faz sentido e é isso que vamos entender ao longo do poema.
 
2ª Estrofe
            O poeta não dá importância à metafísica, por isso não pensa neste tipo de questões. Mas depois diz que, “se eu adoecesse, pensaria nisso”. Ora a explicação que eu encontrei para isto foi a seguinte: Nós quando estamos doentes não estamos bem, nós estamos em nós, não somos os mesmos. Resumindo estar doente não é normal. Logo só numa situação destas é que o poeta, iria de certa forma contra os seus princípios e pensaria neste tipo de questões, que não é uma coisa normal. Só numa situação anormal é que ele pensaria, pois pensar também é anormal.
           
3ª Estrofe
            Nesta estrofe começa-se por fazer algumas questões no âmbito da metafísica, mas depois diz-se que, pensar nessas coisas não é penar, “… é fechar os olhos…”. Alberto Caeiro dava grande importância aos sentido, especilamente o da visão, pois para ele as coisas são aquilo que são, são aquilo que vemos.
            “É correr as cortinas / da minha janela (mas ela não tem cortinas)”. Ora se uma janela não tem cortinas é porque já se consegue ver o que é suposto ver dessa tal janela logo correr cortinas de uma janela que não as tem, é fazer nada e pensar em questões da metafísica é fazer nada.
 
4ª Estrofe
            Para o poeta, as coisas não têm mistério, o mistério está no facto de as pessoas pensarem nisso, isto porque, para ele não faz sentido que as pessoas pensem no mistério das coisas, pois aos seus olhos não há.
            Depois dá-se o exemplo de que quem está ao sol e fecha os olhos, pode pensar muitas coisas em relação ao sol, mas quando volta a abrir os olhos esses pensamentos deixam de ter valor pois o sol continua igual, no mesmo sítio, a transmitir luz.
 
5ª Estrofe
            Esta é uma estrofe que achei bastante engraçada. Começa por falar-nos da metafísica das árvores, o que, tal como é dito não nos faz pensar muito, elas são verdes, copadas, têm ramos, dão fruto pouco mais.
            Depois faz-se um pergunta que é o motivo pelo qual gostei desta estrofe, “Mas que melhor metafísica que a delas, / Que é a de não saber para que vivem / Nem saber que o não sabem?”. Na minha opinião, é um pergunta retórica ou pelo menos não exige uma resposta, mas tem como objectivo fazer-nos pensar e o que eu intepreto dela é o seguinte: Sorte a das árvores que têm uma metafísica baseada em não para que vivem e ao mesmo tempo não saberem disso, ou seja, o poeta valoriza o facto de as árvores não pensarem na metafísica, pois ele também preferia viver num mundo sem ouvir falar desse tipo de questões. Podemos comparar as árvores com Alberto Caeiro, pois elas não pensam e ele também não, embora ele tenha a capacidade de conceber o acto de pensamento.
 
6ª Estrofe
            Voltão a ser apresentadas algumas questões no âmbito da metafísica e são classificadas como falsas, bem como toda a metafísica, pois essas coisas não existem de acordo com o que é dito no poema. Para o poeta é mesmo incrível que haja pessoas que pensem nessas coisas.
 
7ª Estrofe
            Pensar em questões da metafísica é fazer algo mais daquilo que há para fazer, é algo desnecessário e que não tem razão de ser e isto é explicado na estrofe seguinte.
 
8ª Estrofe
            Não há motivos para pensar no sentido íntimo das coisas pois elas não têm sentido íntimo. Não há razão para pensar em questões metafísicas, na constituição íntima das coisas, no sentido íntimo das coisas, no mistério das coisas pois elas não existem. As coisas são objectivas, são aquilo que vemos.
 
9ª Estrofe
            É feito uma crítica à relegião monoteísta, que é estremamente simples, mas que ao mesmo tempo, faz todo sentido. Eu pelo menos concordo, pois se de facto houvesse um Deus, um ser tão perfeito, de certeza que eles nos daria algum sinal que nos permitisses ter a certeza de que existe.
 
10ª Estrofe
            Quem acredita em Deus, na relegião ou pensa no tipo de coisas que se tem tratado ao longo deste poema, como as diversas questões da metafísica, provavelmente acha rídiculo o que o poeta disse na estrofe anterior, mas ele também diz que essas pessoas não sabem olhar para as coisas como elas são, simples e objectivas.
 
11ª Estrofe
            Nesta estrofe é possível identificar uma característica de Alberto Caeira mencionada, por exemplo, nas Notas para a recordadação do meu mestre Caeiro:
            “O meu mestre Caeiro não era um pagão: era o paganismo. O Ricardo Reis é um pagão, o António Mora é um pagão, eu sou um pagão; o próprio Fernando Pessoa seria um pagão, se não fosse um novelo embrulhado para o lado de dentro. Mas o Ricardo Reis é um pagão por carácter, o António Mora é um pagão por inteligência, eu sou um pagão por revolta, isto é, por temperamento. Em Caeiro não havia explicação para o paganismo; havia consubstanciação.” Ele tinha uma relação íntima com o paganismo.
            Para começar a explicar, paganismo é designação dada pelos cristão à religião politeísta, isto é, que acredita em vários deuses. É possível identificar essa característica nesta estrofe pois uma das características do paganismo é a radical imanência divina, ou seja a divindade está sempre prensente, até na própria natureza.
 
12ª Estrofe
            Então mas se Deus é as árvores, as flores e todas essas coisas não há necessidade de lhe chamar Deus.
 
13ª Estrofe
            E finalmente vem esta última estrofe a dizer que devemos viver naturalmente sem pensar em Deus pois ele é tudo o que está à nossa volta.
 
            Agora em jeito de conclusão e de certa forma para resumir este poema…
            Começa-se por dizer que não devemos pensar em questões da metafísica, pois as coisas são aquilo que são, são simples e objectivo, são aquilo que vemos e a coisa fica mais ou menos por aí.
            Depois entra-se no domínio da relegião, em que se começa por criticar, dezendo que não se acredita em Deus, mas no final, sendo Alberto Caeiro o pagão que é, então o sujeito poético chega à conclusão de que Deus está em tudo à nossa volta, mas isto sempre de forma objectiva, pois está naquilo que vemos e não há necessidade de pensar mais no assunto.
 
Mark Vaz nº17 12ºD