Na aula passada tivemos a oportunidade de discutir sobre
um assunto muito relevante nos dias de hoje, a Corrupção. Analisámos a forma
como se origina, se desenvolve e se implanta nas várias situações, assim como,
reflectimos sobre a sua existência e consequências graves que cria.
Considerámos o nosso país como um dos temas centrais nesta discussão pois é um
grande exemplo da existência deste fenómeno tão crítico e desonesto. Tal tema
foi abordado com base na obra “Sermão aos Peixes” de Padre António Vieira e
todas as suas ideias acerca das origens corruptas presentes no Homem e no
Mundo.
A Corrupção, pela maioria dos casos, é considerada um mau
caminho para a sociedade e uma espécie de crime secreto que é exercido por
todos os indesejados. No entanto, as pessoas esquecem-se que a Corrupção não
passa de um simples plano ou acto mal intencionado, mas sim de algo contagiante
que se pode aproximar de nós mais rápido do que possamos imaginar. Na verdade,
esta calúnia manifesta-se com simples boas intenções ou gestos de caridade que
todos nós gostamos de partilhar com aqueles que nos são mais próximos,
importantes ou até essenciais na nossa vida. Tomemos como exemplo um negócio
familiar, numa certa empresa. Um indivíduo toma o cargo de chefia dessa mesma
empresa, lidera o negócio e garante sucesso. Automaticamente, na maioria dos
casos, dois acontecimentos irão surgir depois desta mudança: familiares ou
amigos dessa pessoa, que agora conduz um grande poder, irão pedir um cargo
nessa empresa e o próprio chefe irá aceitar essa abordagem. É, em situações deste
tipo, que eu falo em jogo de interesses que, por sua vez, vão provocar a
compaixão de quem é abordado. Neste caso, o chefe. Não só o facto de o indivíduo
atribuir um cargo a alguém com base em sentimentos é uma forma injusta e
desproporcional em relação a todas as outras pessoas que desejam esse mesmo
cargo, como também esse familiar ou amigo irá criar uma tendência para ficar em
dívida desse privilégio concebido. Isto para não falar da relação de chefe e empregado
que irá ser muito diferente e prejudicial para o próprio negócio. Considero
esta situação bastante caricata e até, de uma certa forma, irónica.
Até alguns de nós, ao imaginarem-se nesta situação, não
conseguem admitir tal intenção, mas é muito provável que aconteça a qualquer um
pois todos nós somos seres humanos e isso leva-nos a errar. Considera-se então
que a Corrupção para além de ser contagiante, também faz parte de nós. Deste
modo, a tendência
para a corrupção está implantada na natureza humana desde o princípio. Alguns
homens têm força suficiente para resistir a essa tendência, outros não a têm. Assim, todos os humanos são condicionados por este fenómeno pois, ao
estabelecerem relações entre si, passam a depender de sentimentos particulares como o amor, a
benevolência, simpatia, e delicadeza. Tudo isto, para além de nos tornar
susceptíveis do condicionalismo, limitam também a nossa liberdade e agravam a
falsidade dos nossos juízos e valores, os quais deveriam ser fixos, objectivos
e intocáveis. Mas, na verdade, não são e toda a corrupção, através de uma obra,
acção ou de um gesto, confirmam a nossa fragilidade e a importância que
atribuímos ao amor próprio, às nossas opiniões e até mesmo à impressão que
temos do mundo. É evidente que, todo este processo se torna mais grave quando o
usamos para o poder. É o que acontece nos sistemas governamentais pois
baseiam-se na tentativa do total controlo da população, encaminhamento e
persuasão da mesma. Desta forma, a corrupção pode ser usada como instrumento na
busca do bem individual à conta do prejuízo de quem sofre.
Há quem considere ainda que uma civilização, a qual não é
fácil de se atingir, pode ser alcançada pelo Homem de duas formas: pela cultura
ou pela corrupção. Ambas são essenciais nas relações humanas, interessantes e
difíceis de serem praticadas e, por essa mesma razão, as pessoas estagnam,
permanecendo no seu canto. Toda esta bola de neve, consequentemente, realça o
individualismo.
Em Portugal, a Corrupção ganha vida. Respira,
essencialmente, através da Administração Pública, a qual é dominada pelas
influências, fraudes, cunhas, combinações, fontes e companheirismos. Desta
forma, é um grande exemplo da Corrupção implantada ao nível político-administrativo
de um Estado que, por sua vez, é exercida por um funcionário ou político com o
objectivo de garantir uma vantagem em relação a todos os outros, através de
actos contrários aos seus deveres. Como conseguinte, a Corrupção é o maior obstáculo
ao desenvolvimento económico e social de qualquer país.
Melhor dizendo, é o maior entrave para uma nação, para todas as pessoas que nele vivem e, principalmente, para a dignidade humana. E todos nós somos responsáveis por isso.
Rita Alexandra Matos Nº19 11ºD
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