terça-feira, 8 de novembro de 2011

A Corrupção


Na aula passada tivemos a oportunidade de discutir sobre um assunto muito relevante nos dias de hoje, a Corrupção. Analisámos a forma como se origina, se desenvolve e se implanta nas várias situações, assim como, reflectimos sobre a sua existência e consequências graves que cria. Considerámos o nosso país como um dos temas centrais nesta discussão pois é um grande exemplo da existência deste fenómeno tão crítico e desonesto. Tal tema foi abordado com base na obra “Sermão aos Peixes” de Padre António Vieira e todas as suas ideias acerca das origens corruptas presentes no Homem e no Mundo.

A Corrupção, pela maioria dos casos, é considerada um mau caminho para a sociedade e uma espécie de crime secreto que é exercido por todos os indesejados. No entanto, as pessoas esquecem-se que a Corrupção não passa de um simples plano ou acto mal intencionado, mas sim de algo contagiante que se pode aproximar de nós mais rápido do que possamos imaginar. Na verdade, esta calúnia manifesta-se com simples boas intenções ou gestos de caridade que todos nós gostamos de partilhar com aqueles que nos são mais próximos, importantes ou até essenciais na nossa vida. Tomemos como exemplo um negócio familiar, numa certa empresa. Um indivíduo toma o cargo de chefia dessa mesma empresa, lidera o negócio e garante sucesso. Automaticamente, na maioria dos casos, dois acontecimentos irão surgir depois desta mudança: familiares ou amigos dessa pessoa, que agora conduz um grande poder, irão pedir um cargo nessa empresa e o próprio chefe irá aceitar essa abordagem. É, em situações deste tipo, que eu falo em jogo de interesses que, por sua vez, vão provocar a compaixão de quem é abordado. Neste caso, o chefe. Não só o facto de o indivíduo atribuir um cargo a alguém com base em sentimentos é uma forma injusta e desproporcional em relação a todas as outras pessoas que desejam esse mesmo cargo, como também esse familiar ou amigo irá criar uma tendência para ficar em dívida desse privilégio concebido. Isto para não falar da relação de chefe e empregado que irá ser muito diferente e prejudicial para o próprio negócio. Considero esta situação bastante caricata e até, de uma certa forma, irónica.

Até alguns de nós, ao imaginarem-se nesta situação, não conseguem admitir tal intenção, mas é muito provável que aconteça a qualquer um pois todos nós somos seres humanos e isso leva-nos a errar. Considera-se então que a Corrupção para além de ser contagiante, também faz parte de nós. Deste modo, a tendência para a corrupção está implantada na natureza humana desde o princípio. Alguns homens têm força suficiente para resistir a essa tendência, outros não a têm. Assim, todos os humanos são condicionados por este fenómeno pois, ao estabelecerem relações entre si, passam a depender de sentimentos particulares como o amor, a benevolência, simpatia, e delicadeza. Tudo isto, para além de nos tornar susceptíveis do condicionalismo, limitam também a nossa liberdade e agravam a falsidade dos nossos juízos e valores, os quais deveriam ser fixos, objectivos e intocáveis. Mas, na verdade, não são e toda a corrupção, através de uma obra, acção ou de um gesto, confirmam a nossa fragilidade e a importância que atribuímos ao amor próprio, às nossas opiniões e até mesmo à impressão que temos do mundo. É evidente que, todo este processo se torna mais grave quando o usamos para o poder. É o que acontece nos sistemas governamentais pois baseiam-se na tentativa do total controlo da população, encaminhamento e persuasão da mesma. Desta forma, a corrupção pode ser usada como instrumento na busca do bem individual à conta do prejuízo de quem sofre.

Há quem considere ainda que uma civilização, a qual não é fácil de se atingir, pode ser alcançada pelo Homem de duas formas: pela cultura ou pela corrupção. Ambas são essenciais nas relações humanas, interessantes e difíceis de serem praticadas e, por essa mesma razão, as pessoas estagnam, permanecendo no seu canto. Toda esta bola de neve, consequentemente, realça o individualismo.

Em Portugal, a Corrupção ganha vida. Respira, essencialmente, através da Administração Pública, a qual é dominada pelas influências, fraudes, cunhas, combinações, fontes e companheirismos. Desta forma, é um grande exemplo da Corrupção implantada ao nível político-administrativo de um Estado que, por sua vez, é exercida por um funcionário ou político com o objectivo de garantir uma vantagem em relação a todos os outros, através de actos contrários aos seus deveres. Como conseguinte, a Corrupção é o maior obstáculo ao desenvolvimento económico e social de qualquer país.

Melhor dizendo, é o maior entrave para uma nação, para todas as pessoas que nele vivem e, principalmente, para a dignidade humana. E todos nós somos responsáveis por isso.

Rita Alexandra Matos Nº19  11ºD

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