domingo, 20 de janeiro de 2013


De acordo com esta imagem de hopper, e das suas outras obras nós podemos retirar uma certa ideia de solidão, ele ficou conhecido pelas suas misteriosas pinturas de representações realistas da solidão na contemporaneidade.
É difícil definir a solidão. A solidão é presença inerente à condição de ser homem, assim como o sangue, o esqueleto e os músculos. Quantas vezes, rodeado de gente, o coração bate sozinho. E quantas outras, no silêncio absoluto, num isolamento integral, o mundo se desdobra aos nossos pés.
A solidão não se limita a uma pessoa viver sozinha sem ninguém com quem falar, a solidão existe também por vezes mesmo que se esteja acompanhado na vida, pois como mostra esta imagem de hopper temos duas pessoas que apesar de estarem juntas estão sós não comunicam, cada um entregue aos seus pensamentos e interesses.
Para o filósofo alemão Martin Heidegger, a solidão é o estado inato do Homem, cada ser está por si só no mundo. Assim, cada indivíduo nasce sozinho, morre na mesma condição e vive as suas experiências pessoais também desta forma, por mais que esteja sempre cercado de outras pessoas, pois ninguém pode vivenciar a sua aprendizagem, cabe a cada um enfrentar o seu próprio caminho.






Afonso Limão Nº2

 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Quadro de Hopper


O tempo passa. Cada segundo pesa-me nas costas, criando cicatrizes que nunca acabam por sarar. Onde estou perguntam-me. Nem eu sei. Estou algures entre o passado e o presente, mas ansiando o futuro. Sentado num café e ao mesmo tempo perdido num deserto. Vagueio pelo deserto à procura de respostas, mas não sei nada. E cada vez sei menos.
Quem sou eu? Uma simples ideia de realidade? Se assim for não passo disso, uma aparência. O que é a vida? Estou mesmo a viver, ou estarei a sonhar? Se não passar dum sonho eu quero acordar, ver o que existe além do que conheço. Se for a realidade quero aprender, melhorar quem sou. Eu posso estar vivo, mas será que vivo? Será o importante as memórias que vou tirando da minha vivência, ou será o percurso monótono do dia-a-dia? Rezo para que o importante seja as recordações. Rezo… Em que devo acreditar eu? Em Deus, na Ciência, em mim ou nos outros? Serei eu ingénuo por acreditar na ideia de todos eles? Ou serei melhor por ter fé? Não sei, e são estas questões que me dão dores de cabeça, pois não têm solução.
O que sou no Mundo, no Universo? Um ponto ínfimo com grandes aspirações, mas apesar de tudo não serei mais que uma nulidade. Às vezes penso no que sucederia se morresse… Será que renascia, ou será que receberia o conhecimento que procuro? Se calhar o propósito da vida é o de um dia morrer, apodrecer no chão e desaparecer por fim da humanidade, não deixando nada para trás, pois até as melhores memórias desaparecem com o tempo.
O tempo… E de repente estou de volta ao ponto de partida. O que me pareceram horas foram breves minutos sentado num café. Nada mudou.
A rapariga olha para o piano, as pessoas permanecem sentadas. E eu? Continuo na mesma página do jornal. Já lhe passei os olhos tanta vez e ainda não li nada. Encontrei-me com a saída do deserto mas continuo perdido.
E o tempo? O tempo passa.

Memória Despertada

    Sento-me a ler o jornal. A primeira página traz a manchete de uma notícia qualquer sobre a queda das acções na bolsa, acompanhada em baixo por uma fotografia de um homem com as mãos levadas à cabeça, olhando desesperado para um ecrã pintado de uma mixórdia indecifrável de números e letras. Com certeza preocupante, não é, no entanto, esta notícia que me prende a atenção. A Kate, sentada ao piano com o antebraço posto na parte lateral do instrumento e os dedos a dançar sobre o teclado, tenta compor. Vai martelando as teclas e anotando na pauta as notas musicais. Com os olhos a correr as palavras e, no entanto, sem ler absolutamente nada, fico a ouvi-la. É um som familiar e simultaneamente perturbador, feito de notas sozinhas envolvidas pelo silêncio; é uma toada aguda que atinge as profundezas da minha alma e se traduz no despertar de uma lembrança adormecida das minhas origens. É uma música profunda que me arranca pela raiz e me traz uma sólida memória da minha irmã, da minha irmãzinha, que ficou lá para trás no tempo, morta. Era ainda muito menina e já tocava piano lindamente. Oiço agora este piano e solicita-me a recôndita recordação da música que tocava no seu quarto, em aprendizagem monótona, e de mim, também criança, no quarto ao lado, a escutá-la. Este som dentro da minha cabeça, tão presente e doce, não chega a ser verdadeiramente a música que a minha irmã tocava, por vezes, ao final da tarde; é antes uma absoluta e irremediável saudade.
    Oiço, atrás de mim, a chuva contra os vidros. Levanto-me, chego-me junto à janela e olho através dela. Lá fora, a cidade mexe-se em plena consternação. Não a vejo, apenas olho na sua direcção. O prédio em frente do outro lado da rua, automóveis parados antes do semáforo e outros a passar com pressa, uma buzinadela a rasgar o silêncio, a luminosidade artificial das placas publicitárias dos cafés e das lojas ao nível do chão, as pessoas com os seus guarda-chuvas coloridos caminhando nos passeios como formigas nos seus carreiros: tudo isto se movimenta sob um pesado manto de chuva. Todas as coisas existem diante dos meus olhos, mas eu não as sinto a existir. Vejo no conjunto destes elementos, não o seu desenho, não os seus contornos, mas o seu leve sorriso a abrir-se-lhe nos lábios, projectado na paisagem. E sou invadido por uma profunda tristeza.

A Distância


Na década de 50, a vida familiar estava bem delineada ao contrario de hoje, que as mulheres podem desempenhar o mesmo papel que os homens. O homem trabalhava, enquanto a mulher ficava a tomar conta da casa e dos filhos. Os casamentos entre pessoas pertencentes a classes altas nem sempre tinham os mesmos intuitos. A maior parte era por dinheiro e por respeito. Na altura era bastante casual não haver amor entre os conjugues, o que levava a uma certa distância entre estes.
A relação era sempre formal, interagindo da mesma forma com se tratasse de um negócio, cada um cumprindo a sua parte do “acordo” (casamento). Entre estes, em regra existia um certo respeito para com o companheiro, para preservar a boa imagem do casal, que nesta época, a imagem, era uma das coisas mais importantes. A imagem representava o respeito da sociedade ao casal e a importância dada ao nome.
A vida de um casal que se juntou por questões exteriores ao amor (dinheiro e respeito), era apenas uma vida disfarçada. Estas questões levavam ao surgimento de barreiras, que por sua vez resultava na distância entre os conjugues.

Jorge Favinha

Ida ao Cinema


Numa noite de inverno, chovia como nunca tinha chovido antes. Alberto e Joaquina, casados  10 anos, tinham nesse dia feito o que costumam fazer, Joaquina arrumou a casa de cima a baixo, pois seu marido é alérgico ao pó e ácaros enquanto o Alberto trabalhava na sua loja de haute couture, onde é alfaiate. 
No dia anterior Joaquina dissera a seu marido que queria ir ao cinema no dia a seguir, ao que o seu marido respondeu:
- Com certeza, e tens algum filme em mente?
- Sim, o filme de Albert Hichcock, “Um corpo que cai” disse Joaquina.
- Então está combinado minha joaninha amanhã à noite iremos ao cinema.
Mas o que Joaquina não esperava era que chovesse tanto e por isso nessa noite em vez de irem ao cinema o Alberto ficou a ler o seu jornal emquanto sua munher tocava algumas teclas do piano, triste por não puder ir ver o filme que tanto desejara ver.
No dia seguinte era fim de semana. Alberto, sabendo que a sua mulher ficara triste por não ter ido ao cinema, resolve convidá-la para jantar fora e no final da noite Alberto surpreende a sua mulher levando-a a ver o filme que ela tanto ansiava ver. 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Quadro de hopper


Mais uma tarde passada em casa, à procura de um sentido na vida. Marido e mulher, apenas no papel, pois na realidade o vazio que os absorve é imenso e a cumplicidade normal entre duas pessoas que assumiram o compromisso de ficarem juntas. Não existe paixão, amor, romance etc… apenas solidão e um vazio. O marido encontra-se a ler o jornal, provavelmente como forma de passar o tempo, a pensar como desperdiçou mais um dia da sua vida urbana. A mulher encontra-se numa posição em que está de costas para o marido a tocar piano, provavelmente uma dona de casa que passou mais um dia monótono como é costume no quotidiano urbano. O marido terá vindo do trabalho devido à sua vestimenta. Estavam tão perto, mas ao mesmo tempo tão distantes, o marido e a mulher não comunicam, vivem a vida por viver, como se se tratasse de uma obrigação. Bastante isolados naquilo de que se trata a sua vida, encontram-se mais tristes que nunca, parecem parados no tempo à espera que no próximo dia algo bom aconteça sem fazerem nada por isso. Estão muito perto do divórcio, sem saberem porquê, apenas sabem que se perderam na vida e que neste momento aquilo que sobra deles é o corpo, e não a alma.

Henrique Cardoso

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

O Conselho - apreciação do poema


Neste poema é nos apresentado duas facetas que o Homem, ao longo da sua vida, tem de lidar.
A primeira faceta tem a ver consigo próprio, ou seja, com aquilo que pensa, que acha e que gosta, sem qualquer tipo de preconceito e de vergonha. Por ser dessa maneira é nos apresentada apenas a nós próprios e a mais ninguém. A outra faceta tem a ver com os outros, ou seja, a maneira como socializamos com as outras pessoas. Nesta fase, nem tudo que o que gostamos, achamos ou sentimos podemos dizer. Esta faceta é necessária para podermos viver em sociedade e mais importante que isso, sermos aceites por esta e para isso temos de nos adaptar a ela e guardar os nossos pensamentos para nós próprios.

História inspirada no quadro de Hopper


A tristeza pairava por aquela casa. Tudo parecia perdido, ninguém tinha esperança que algum dia suas vidas voltassem a brilhar.
Jorge, homem de família, tinha perdido seu emprego há mais de dois anos mas todos os dias vestia-se de acordo com o antigo trabalho, fato e gravata, na esperança de ser chamado a qualquer momento para retomar a sua posição. Sua mulher, Maria, vivia desalmadamente todos os dias. Para esta, a palavra esperança, já não entrava no seu dicionário. Deixou de viver e entregou-se à amargura da vida.
Jorge, já não sabia onde buscar forças para continuar a viver. Nem a sua mulher, já mais, poderia recorrer. Era esse fracasso que via em sua mulher que lhe incomodava. O amor da sua vida que em tempos era o seu pilar, desabou de vez e sem perspectivas de recuperação.
Maria passava os dias a tocar piano como se não houvesse amanhã. Muitos eram aqueles que se vinham queixar, mas isso não intimidava Maria, que continuava a tocar dias sem fim.
As tarefas de casa e todas as responsabilidades conjugais caíram sobre Jorge, não é que este se importa-se pois a verdade é que não tinha mais nada para fazer. Todos os dias tratava das refeições e das lidas da casa.
A vida lá se ia vivendo sem muita esperança mas, o que é certo, é que a atitude tomada por sua mulher piorava toda a situação e provavelmente seria a razão do fracasso daquela família que não tendo feito mal a ninguém pagavam um preço alto pela sua posição perante a vida.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

História inspirada no quadro de Hopper


            É domingo, numa época em que a economia está em completo declíneo. O homem acaba de chegar da rua, onde foi comprar o jornal. Mal nota na sua mulher sentada ao pé do piano, como se tivesse a tocar, isto porque, ele anda demasiado stressado, uma vez que perdeu o emprego e encontra-se desemprego há já três semanas. Concentra-se de tal forma no jornal, que até se inclina para ver melhor. Ele procura uma oportunidade de trabalho, mas nem sabe o pior.

            A mulher, que finge estar a tocar piano, encontra-se sentada de lado, pois na verdade, quer dizer uma coisa ao marido. Ela está grávida mas não sabe como lhe dizer, uma vez que só ele é que trabalhava e agora não têm sustento. Está muito nervosa, o que não é bom para o bebé, mas o marido nem repara nela e ela não tem coragem para dar inicío à conversa. Aquilo que, por norma, seria uma coisa boa, é agora a origem de toda esta ansiedade, deste nervosismo e desconforto perante uma situação que parece não ter solução.

            Mas, passado este curto período de tempo em que ambos lidaram com a sua angústia de forma tão solitária, no entanto, fisicamente tão próximos um do outro, alguém bate á porta e vem mudar tudo…

 Mark Alexandre Vaz nº17 12ºD