terça-feira, 16 de novembro de 2010

A Crónica

A crónica
v  A crónica é um artigo de opinião, concebido de uma forma livre e pessoal, da autoria de um jornalista ou de uma figura de reconhecido mérito, que se publica num jornal ou noutro meio de comunicação social.
v  A crónica é um texto subjectivo, na medida em que não tem como objectivo central informar.
v  A palavra «crónica» deriva da palavra grega «chronos» que significa «tempo», justificando a ideia de que o texto cronístico aborda assuntos do tempo e da época em que é escrito.
v  Num jornal ou numa revista, a crónica situa-se, habitualmente, numa coluna.
v  Existem também crónicas literárias, que, partindo dum assunto do quotidiano, constroem uma pequena narrativa, que se assemelha muitas vezes a contos.
v  A crónica é o texto jornalístico que mais se aproxima da literatura, visto que muitas vezes utiliza linguagem conotativa.
v  As crónicas são, frequentemente, compiladas para publicação num volume, como é o caso da colectânea de crónicas de Ricardo Araújo Pereira, publicada no livro “Boca do Inferno”.

O cronista
v  O cronista parte de um acontecimento actual ou de factos de um qualquer domínio da sociedade (política, cultura, economia, desporto, etc.) para, sobre o assunto, formular a sua opinião e fundamentá-la.
v  Por vezes, o cronista exprime na crónica determinado ponto de vista, procurando persuadir o leitor através de um discurso argumentativo.
v  O cronista assume uma posição crítica em relação a um assunto.

Estrutura
v  Embora a crónica não tenha uma estrutura fixa, o cronista opta, muitas vezes, pela utilização da organização tripartida – introdução, desenvolvimento e conclusão.
v  No entanto, por vezes, o cronista apresenta primeiro os factos que vai comentar para depois expor a sua opinião fundamentada sobre eles.
v  Noutros casos, os autores das crónicas apresentam os diferentes aspectos de uma situação, comentando cada facto de imediato, verificando-se uma sucessão: facto, opinião; facto, opinião.

Características
v  Exprime o ponto de vista do seu autor e é frequentemente escrita na primeira pessoa;
v  Deve ser dominada pelo discurso argumentativo, sem excluir a presença de discurso informativo;
v  Apresenta um estilo pessoal e diferente de autor para autor;
v  Exibe, por vezes, um discurso pontuado de um tom humorístico e/ou satírico.


Análise da crónica
«Uma Reflexão acerca de Lixo»
de Ricardo Araújo Pereira


Resumo
Na crónica «Uma Reflexão acerca de Lixo», Ricardo Araújo Pereira relata uma entrevista que fez à escritora Adília Lopes.
Nessa entrevista, Ricardo Araújo Pereira apresentou uma interpretação possível do poema de Adília Lopes, «Autobiografia Sumária». Disse-lhe que aquele poema também era o resumo da sua vida. Ele disse-lhe que os seus gatos - aquilo que nele era mais felino, arguto, crítico, perspicaz e até cruel - gostavam de brincar com as suas baratas - aquilo que nele era repugnante, negro rasteiro e vil. Esperava impressionar a escritora com a sua interpretação do poema. A escritora teve uma reacção à leitura do poema, que Ricardo Araújo Pereira não esperava. Adília Lopes disse-lhe que tinha gatos e baratas. Disse-lhe também que os seus gatos gostavam de brincar com as baratas.
Ricardo Araújo Pereira começa, então, a escarnecer de si próprio, comparando tudo o que é dele e tudo o que a ele lhe diz respeito, a lixo. Afirma que o seu “lixo” tem falta de carácter e de personalidade e que se insere na categoria dos indiferenciados. Por fim, apresenta a sua autobiografia sumária: «O meu lixo / é tão desinteressante / como eu.»


Estrutura
            Quanto à estrutura, esta crónica apresenta uma organização tripartida – introdução, desenvolvimento e conclusão. Embora estas três fases do texto não estejam delimitadas com parágrafos, como habitualmente acontece, pode dizer-se que a introdução é composta pela primeira frase, a conclusão é composta pela última e o desenvolvimento encontra-se entre as duas.


Características
  Esta crónica é escrita na primeira pessoa e exprime o ponto de vista do seu autor em relação ao poema de Adília Lopes e àquilo que é dele e que a ele lhe diz respeito, que compara a lixo. O cronista assume uma posição crítica em relação a tudo o que é dele e a tudo o que lhe diz respeito. Na escrita predomina o tom humorístico.



                                                                                                                                        J. Aragão

1 comentário:

  1. Boa, João! Agora já temos também aqui o teu texto. Texto estruturado e claro. Podias ter investido mais na oralidade.

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