terça-feira, 16 de novembro de 2010

Pascoaes sobre Camilo

«E a nossa própria imagem não somos nós num efeito quimérico de luz? Estamos nesse efeito quimérico, como numa dor de cabeça ou em qualquer pensamento que nos domina e pode artisticamente exteriorizar-se. A obra de arte é a projecção, no exterior, da Fauna e Flora criadas na nossa intimidade.»

Teixeira de Pascoaes, O Penitente

Espero pelos vossos comentários

3 comentários:

  1. “Um efeito quimérico de luz”, somo apenas uma ilusão? Não percebo, quer dizer será que eu estou a entender bem, a verdade é que aquilo é uma pergunta retórica mas eu não concordo. Como é que nós podemos ser apenas uma ilusão, não consigo aceitar isso, nós somos todos uma coisa em concreto, somos pessoas diferentes, com características diferentes e só nossas o que nos torna especiais.. Gostava que também comentassem para ver o que acham (eu fui o primieiro, espero que tenha levado mais pessoas a comentar)…

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  2. Este "efeito quimérico de luz" refere-se à ideia ilusória que temos relativamente à nossa aparência. Julgamos ser alguém que na realidade não somos. Iludimo-nos. A ideia que temos do nosso parecer é, na maioria dos casos, uma ideia errada e, de certa forma, fantasiosa. A concepção que temos de nós próprios é irrealista, uma vez que vai depender da nossa maneira de ser, das nossas qualidades e defeitos. Uma pessoa convencida e pretensiosa julga ser mais do que realmente é e, pelo contrário, uma pessoa simples e modesta considera ser menos do que na realidade é. O conhecimento que os que nos rodeiam têm de nós é, quase sempre, mais realista que o conhecimento que temos de nós próprios. "Estamos nesse efeito quimérico, como numa dor de cabeça ou em qualquer pensamento que nos domina", isto é, vivemos acorrentados pela ideia ilusória que temos em relação ao que somos. Essa ideia, criada na intimidade de cada um, pode ser exteriorizada através da arte, seja ela pintura, escultura, literatura. Para exprimirmos e exteriorizarmos o imenso mundo que em nós existe, podemos recorrer à literatura, mais particularmente aos textos autobiográficos.

    J. Aragão

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  3. Para mim este excerto é muito importante, e é o que na realidade e inconcientemente, por vezes, todos fazemos. Ou seja criamos uma personagem de nós mesmos, no sentido em que fazemos uma distinção entre o que nós somos e paracer-mos ser. Muitas vezes tenta-mos transmitir uma imagem daquilo que gostariamos de ser, mas como ninguém é perfeito, temos os nossos erros, e as nossas fraqueza. E é com essas fraquezas que demonstramos quem realmente somos.
    Neste frase temos de entender efeito quimérico como uma ilusão. Esta interrogação pode ser vista como uma introspecção que ás vezes devemos fazer para conseguirmos perceber qual é a "faixa" da nossa vida que queremos seguir. Se queremos viver num mundo ilusório, que é fácil e não apredemos nada, ou pouca ou na realidade que podendo ser mais dificil de entender dá-nos maiores perspectivas sobre os valores que devemoos seguir. Esta mesma interrogação levamos ao sentido que os espelho pode ter, quer dizer "E a nossa imagem ( ou seja aquilo que parecermos ser ) não somos numa ilusão ( demonstramos, por vezes , aquilo que não somos ); A seguir a esta pergunta retórica, deparamo-nos com um problema que como já foi enunciado á bocado, aquilo que queremos ser, e o modo como devemos agir para dar esta mesma ideia, e com cuidado podemos mesmo parecer aquilo que queremos e podemos comprovar isto com "...pode artisticamente exteriorizar-se...". Depois a terceira frase quer-nos transmitir a ideia da suposta ( digo suposta porque não devia ter importância ) importância da nossa aparencia, como é importante nos dias de hoje, podemos entender isto com a parte da frase "...obra de arte...", mas para que serve a aparência vazia ( no ponto de vista que não temos sentimentos, valores que nos baseamos para tirar o maior partido das nossas situações vivadas, lições de vidas aprendidas ). "Aparencia vazia" usei no sentido em que temos uma 'pessoa padrão' para nos seguir-mos e todos devemos ser iguais, isto para mim não passam de pessoas desinteressantes. Em conclusão este excerto mostra-nos que vivemos encorralados á nossa imagem, a ilusão desta imagem que queremos dar daquilo que somos, e não aquilo que é realmente, eu acho também que as pessoas não se medem ´só pela aparência e que por vezes aquilo que podem ter para nos transmitir ( como por ex. as lições de vida que tiraram disto/daquilo ) pode-nos ser útil como seres humanos que somos;
    Inês Moura

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