sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Quadro de Hopper


O tempo passa. Cada segundo pesa-me nas costas, criando cicatrizes que nunca acabam por sarar. Onde estou perguntam-me. Nem eu sei. Estou algures entre o passado e o presente, mas ansiando o futuro. Sentado num café e ao mesmo tempo perdido num deserto. Vagueio pelo deserto à procura de respostas, mas não sei nada. E cada vez sei menos.
Quem sou eu? Uma simples ideia de realidade? Se assim for não passo disso, uma aparência. O que é a vida? Estou mesmo a viver, ou estarei a sonhar? Se não passar dum sonho eu quero acordar, ver o que existe além do que conheço. Se for a realidade quero aprender, melhorar quem sou. Eu posso estar vivo, mas será que vivo? Será o importante as memórias que vou tirando da minha vivência, ou será o percurso monótono do dia-a-dia? Rezo para que o importante seja as recordações. Rezo… Em que devo acreditar eu? Em Deus, na Ciência, em mim ou nos outros? Serei eu ingénuo por acreditar na ideia de todos eles? Ou serei melhor por ter fé? Não sei, e são estas questões que me dão dores de cabeça, pois não têm solução.
O que sou no Mundo, no Universo? Um ponto ínfimo com grandes aspirações, mas apesar de tudo não serei mais que uma nulidade. Às vezes penso no que sucederia se morresse… Será que renascia, ou será que receberia o conhecimento que procuro? Se calhar o propósito da vida é o de um dia morrer, apodrecer no chão e desaparecer por fim da humanidade, não deixando nada para trás, pois até as melhores memórias desaparecem com o tempo.
O tempo… E de repente estou de volta ao ponto de partida. O que me pareceram horas foram breves minutos sentado num café. Nada mudou.
A rapariga olha para o piano, as pessoas permanecem sentadas. E eu? Continuo na mesma página do jornal. Já lhe passei os olhos tanta vez e ainda não li nada. Encontrei-me com a saída do deserto mas continuo perdido.
E o tempo? O tempo passa.

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