O tempo passa. Cada segundo pesa-me nas costas, criando
cicatrizes que nunca acabam por sarar. Onde estou perguntam-me. Nem eu sei.
Estou algures entre o passado e o presente, mas ansiando o futuro. Sentado num
café e ao mesmo tempo perdido num deserto. Vagueio pelo deserto à procura de
respostas, mas não sei nada. E cada vez sei menos.
Quem sou eu? Uma simples ideia de realidade? Se assim for
não passo disso, uma aparência. O que é a vida? Estou mesmo a viver, ou estarei
a sonhar? Se não passar dum sonho eu quero acordar, ver o que existe além do
que conheço. Se for a realidade quero aprender, melhorar quem sou. Eu posso
estar vivo, mas será que vivo? Será o importante as memórias que vou tirando da
minha vivência, ou será o percurso monótono do dia-a-dia? Rezo para que o
importante seja as recordações. Rezo… Em que devo acreditar eu? Em Deus, na
Ciência, em mim ou nos outros? Serei eu ingénuo por acreditar na ideia de todos
eles? Ou serei melhor por ter fé? Não sei, e são estas questões que me dão
dores de cabeça, pois não têm solução.
O que sou no Mundo, no Universo? Um ponto ínfimo com grandes
aspirações, mas apesar de tudo não serei mais que uma nulidade. Às vezes penso
no que sucederia se morresse… Será que renascia, ou será que receberia o
conhecimento que procuro? Se calhar o propósito da vida é o de um dia morrer,
apodrecer no chão e desaparecer por fim da humanidade, não deixando nada para
trás, pois até as melhores memórias desaparecem com o tempo.
O tempo… E de repente estou de volta ao ponto de partida. O
que me pareceram horas foram breves minutos sentado num café. Nada mudou.
A rapariga olha para o piano, as pessoas permanecem
sentadas. E eu? Continuo na mesma página do jornal. Já lhe passei os olhos
tanta vez e ainda não li nada. Encontrei-me com a saída do deserto mas continuo
perdido.
E o tempo? O tempo passa.
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