Para falar de justiça em Alice a primeira coisa a dizer é que é esta aplicação de “leis” não é justa, quando comparada com o que nos é quotidiano, pelo menos como é exercida, pois a parte de que os mais fortes/ com mais poder vencem sempre sobre os mais desfavorecidos, o torna-a desigual.
Uma justiça com poucos objectivos nunca pode ser racional, pois o que importa é a condenação, pela condenação em si e não pela justiça.
Uma outra perspectiva é a de que aqui não existe justiça, não deveríamos chamar a isto justiça, se apenas considerarmos justiça como algo que tenha um sentido.
No entanto se considerar que aqui existe uma espécie de justiça, devo salientar também que os julgamentos são desordenados e quem os comanda não toma atenção aos normais procedimentos para que tudo corra bem, mesmo sendo quem assume a posição mais alta da hierarquia. Por incrível que pareça, quem corrige esta pessoa (o Rei) é alguém de escalão inferior.
Tanto no julgamento em tribunal como no jogo de “croquet” em que a rainha ordena que se cortem cabeças aleatoriamente e constantemente a justiça funciona como uma ditadura, do ponto de vista em que o que o “juiz” toma como decidido tem obrigatoriamente de ser executado, mesmo que a maioria não concorda.
Não importa quem cometa as infracções apenas que alguém seja acusado e condenado.
Importa sim que hajam infracções para serem julgadas, que haja discussão, confusão, culpados, nem que seja só para perder algum tempo, em resumo, algo que nunca aconteceria no mundo a que estamos acostumados.
Uma prova de que a justiça presente não consegue obter quaisquer resultados e que todos os julgamentos são puro teatro é porque como afirma o grifo as condenações nunca são levadas a cabo.
Trata-se portanto de uma justiça extraordinária, no sentido da irrealidade, mas também pelo facto de nada ser consensual, as personagens fazem da justiça e com a justiça o que querem, consoante o proveito que tiram da mesma.
Mas pode tudo isto ter algum significado?
O autor pode-se ter aproveitado desta situação jurídica extrema para fugir um pouco à realidade de forma a fazer com o leitor se aperceba dos aspectos menos bons que nos rodeiam.
Será que não encontramos em “Alice no país das maravilhas” alguns aspectos verídicos do nosso quotidiano?
O autor pode querer fazer ver que está saturado da sua vida, fazendo com que o livro seja o seu escape, mas ao mesmo tempo não deixa de nos por à prova, no sentido de conseguirmos tirar conclusões mesmo numa desordem como aquela.
Pedro Tomé Nº18 10ºD
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