sábado, 3 de dezembro de 2011


Impressões de Viagem

Uma viagem é algo de esplendoroso. Algo que se pode comparar a uma outra oportunidade de vida, mas em versão de amostra. O que quero dizer com isto?
Viajar é uma possibilidade de descobrir, explorar, conhecer, arriscar, gostar, odiar, pasmar… tal como a vida. Vida é ser. Viajar é usar o ser. Assim quando digo que viajar é como uma amostra da vida, quero designadamente referir que viajar é abrir o pano vermelho da nossa existência à descoberta e à compreensão do que realmente nos rodeia.
É incrível a noção acrescida de realidade que o simples facto de nos metermos num avião, num comboio ou num carro para nos deslocarmos para uma distância que pode ser ínfima ou gigantesca, nos pode ser conferida.
Recordo, neste momento uma altura da minha vida há um ano atrás. Por esta altura, mais ou menos, realizei um momento de avaliação, precisamente nesta disciplina, que me tocou de uma forma significativa. “Chá e Madalenas, Marcel Proust” era o texto, cujo excerto vigorava nesse teste sumativo. Todas as palavras de Marcel Proust ecoaram na minha cabeça, como um sonho que se controla durante o sono. Tudo parece em câmara lenta.
Voltando ao assunto, faço esta menção a Proust, para relacionar as suas sensações ao degustar uma madalena com a sua habitual chávena de chá, com as sensações vividas quando se viaja.
Esse prazer logo me tornara indiferente às vicissitudes da vida, inofensivos seus desastres, ilusória sua brevidade, tal como o faz o amor, enchendo-me de uma preciosa essência: ou, antes, essa essência não estava em mim, era eu mesmo. Cessava de me sentir medíocre, contingente, mortal. De onde me teria vindo aquela poderosa alegria? 
Esta passagem demonstra a relação que pretendo realizar. Viajar traz-nos uma preciosa essência, ou então, tal como diz Marcel Proust essa essência pode não ter que nos ser trazida, mas estar em nós à espera de ser revelada.

Afonso Ramos Bento Nº4 11ºD

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