Madame
Bovary de Gustave Flaubert é um romance, cuja ação é passada em França, no qual
se descreve a vida e relação de duas personagens essenciais, Carlos Bovary, um
médico com uma visão do mundo objetiva e definida, mas com falta de
sensibilidade emocional e Ema Bovary, uma mulher que procura o lado
sentimental, os prazeres e as virtudes da vida.
São, portanto, pessoas totalmente opostas que
estão unidas por diferentes objetivos de vida e que se afastam quando os seus
pontos de vista entram em confronto. Madame Bovary sente repulsa de Carlos
quando este se tenta aproximar, enchendo-a de inúmeras oferendas, não
percebendo que o que Ema realmente deseja é algo que vai para além do concreto
e palpável. Esta extrema dedicação por parte de Carlos de forma entediante e
com falta de amor leva a que Ema procure outras formas encontrar o seu
bem-estar emocional. É aqui que começa a surgir ideia de adultério e os amantes
de Ema. Estes aparecem, com cada vez mais frequência e intensidade. Carlos de
nada se apercebe porque está ofuscado da realidade, por causa do amor que sente
por ela. Todos estes amantes que vão passando por Ema acabam por abandoná-la e
deixando-a sozinha com o mundo.
Estabelece-se aqui um ciclo cada vez mais letal
para Madame Bovary, que começa na sua relação com Carlos. Primeiro, o amor de
Carlos por Ema não é correspondido o que faz com que esta o rejeite, embora
sejam noivos, e por causa disso esta refugia-se e apaixona-se por outros homens
que a deixam mais tarde. É isto que leva Ema à morte, intencional, porque não é
só um simples ciclo, é um ciclo com aditivos que vai aumentando de forma e agravando
as suas consequências até ao dia da morte de Ema.
Este romance foi escrito por um autor com um
sentido de comportamento social muito apurado, o qual foi bastante criticado na
época, pelas críticas que faz à moral e à religião, levando-o mesmo a
julgamento. Este para se defender de todas as acusações usa a célebre frase
“Madame Bovary sou eu”.
No livro, aborda a religião como algo
secundário e ilusório, associando o momento em que Ema está doente durante um
longo período de tempo, com o momento que que se converte. Quere com isto
transmitir a ideia de que o ser humano só recorre à religião quando sente que o
futuro não está nas suas mãos. A verdade é que também não está nas mãos de
Deus, mas sim nas mãos das probabilidades e do acaso.
Como interpretação à frase “Madame Bovary sou
eu “, um aspeto que se associa à relação entre ambos os sujeitos é que estes
acabam a sua vida numa fase lastimosa, com um desgosto amoroso e sem dinheiro,
mas que no entanto iniciaram a sua vida com elevadas expetativas com para com o
futuro, embora Madame Bovary tenha ido para além de Carlos quanto ao seu
pensamento.
Este livro é uma pura lição de realismo.
Madame Bovary, é uma amente dos sentimentos, o que a desvirtua da realidade.
Mais tarde, por estar desfasada da realidade sofre as consequências, não
analisa as repercussões dos seus atos e acaba da pior forma.
Podem-se tirar daqui algumas conclusões. Por
exemplo, que o estado amoroso, na medida em que nos tende a afastar da
realidade, através de emoções de que somos alvos, quando levado ao extremo pode
ser a nossa “morte”, pois deixamos de ter em conta as consequências da
realidade, assim como no mundo virtual actual. Temos hoje vários exemplos de
jovens adolescentes, que passam toda uma vida “agarrados” ao computador a jogar
jogos de guerra e que um dia saem à rua e aniquilam crianças, umas atrás de
outras, porque não sabem identificar a “parede” que separa a realidade do
virtual.
Cada pessoa
tem um lado emocional e um lado intelectual. O autor aproveita-se das
personagens Ema e Carlos Bovary, para representar estas duas vertentes. São
pessoas desequilibradas, cada um da sua forma. Qualquer pessoa que ponha de
parte a emoção ou a intelectualidade vai ficar muito à margem da sociedade.
Pedro Tomé Nº17 11ºD
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