sábado, 8 de outubro de 2011

Estado-providência ou sociedade-providência?

  É esta a questão que me tem causado inúmeras insónias já há cerca de quatro meses, e para a qual tenho desenvolvido várias teorias, embora algumas não concluídas, por falta de argumentos e por isso mesmo vencidas pela maldita sonolência.

 Como é fácil imaginar, não encontrei muitas dificuldades na decisão do tema que devia abordar, pois bastou-me “passar uma noite em branco”.

 Neste texto, escrevo sobre o problema, numa ótica nacional e numa perspectiva político-económica, começando por apresentar o conceito geral de Estado-providência:

 “Estado-providência, é um tipo de organização política e económica que coloca o Estado como agente da promoção (protetor e defensor) social e organizador da economia. Nesta orientação, o Estado é o agente regulamentador de toda vida e saúde social, política e económica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com o país em questão. Cabe ao Estado do bem-estar social garantir serviços públicos e proteção à população.”

 É em momentos de crise como este que temos a oportunidade de corrigir os defeitos que existem nos sistemas, sejam eles judiciais, políticos, da saúde, económicos, etc..., porque quando a ultrapassarmos e estivermos mais descansados, raramente vamos reparar no que está mal, visto que funciona bem, e não temos deste modo a oportunidade de evitar uma futura crise. É por essa mesma razão que penso que esta não seja a altura ideal para evoluir, mas sim para corrigir.

 Já há algum tempo que andamos a praticar a “religião” que escolhemos de uma forma menos acertada. Culpa da população (em parte) e dos dirigentes políticos. Penso que andamos com as ideias trocadas sobre o que é o nosso sistema. Por um lado porque os pregadores não têm praticado verdadeira doutrina, mas também porque os ouvintes preferem ocupar o seu tempo a assistir a programas televisivos bizarros que tendem a afastar os telespectadores da realidade, do que a estar informados, e quando digo informados, não é simplesmente olhar para as notícias e ver os telejornais, é saber o que está por dentro deles, envolvendo desta forma uma obrigatoriedade de pesquisa no sentido se adquirir conhecimentos que permitam entender o que antes só ouviam.
 Deparamo-nos com o dilema: Que parte deste Estado-providência é que a nossa sociedade, em geral, tem beneficiado?
 Só vejo uma resposta, a Sociedade-providência. Esta é sem dúvida a única razão pela qual ainda ninguém se opôs seriamente ao nosso sistema e a razão pela qual não nos afundámos. Quero com isto dizer que foi este Estado-providência que originou que a comunidade portuguesa tomasse uma mentalidade de entreajuda, a qual nos tem sustentado. Mas não seria mais fácil inserir na sociedade simplesmente a mentalidade por outros meios e deixando de parte o socialismo? É aqui que a meu ver, se insere uma nova forma governação. Uma junção do capitalismo com uma diferente perspectiva do socialismo. Desta forma, damos as condições necessárias para os mais necessitados se inserirem na sociedade e no mercado de trabalho em vez de lhes depositarmos na sua conta x euros ao fim de cada mês. Tal como o célebre provérbio chinês diz, “Não lhe dês o peixe, mas ensina-o a pescar”.

 Nos últimos anos, infelizmente, temos andado a distribuir demasiadas sardinhas, e poucas canas de pesca/ formações de forma a que pudessem pescar caranguejos reais.

 Até porque, esta forma de governação que defendo, vai ao encontro de todos os interesses. Numa perspetiva socialista, deve-se transferir parte das remunerações dos mais abastados para os mais necessitados, o que resulta numa oposição por parte dos mais abastados visto que parte do seu trabalho vai para indivíduos, que na sua maioria, preferem ficar sem trabalhar mas com algum dinheiro, do que a trabalhar com o mesmo, ou por veze, até menos dinheiro. Isto é normal, são os instintos dos seres humanos, são os nossos interesses pessoais. Logo, como é óbvio não podemos defender um sistema que vá ao encontro do que de pior há dentro de nós. Portanto, se em vez de, por exemplo, entregarmos um subsídio de desemprego, dermos condições para se proceder à qualificação/ formação dos desempregados, não só estamos a cortar nas despesas e a desenvolver a nossa economia, como também favorecemos os dois lados, de onde sai o dinheiro, visto que terá de pagar menos impostos como também os seus empregados estarão mais qualificados, e as pessoas que beneficiam destas oportunidades ganham mais auto-estima por verem que são úteis na sociedade.

Pedro Tomé Nº17 11ºD
  

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