O Novo Acordo Ortográfico
O Novo acordo ortográfico foi estabelecido em 1990 pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), apesar de só ter entrado em vigor em Maio de 2009. Em Portugal, a sua obrigatoriedade em todos os serviços, organismos e entidades do Estado será imposta a partir de 1 de Janeiro de 2012. No entanto, até 2015 decorrerá um período de transição ao nível da CPLP, durante o qual a grafia antiga ainda é aceitável.
Na minha opinião, o novo acordo ortográfico é absolutamente desnecessário e muito dispendioso. Desnecessário porque será impossível alterar a fonética ao nível da CPLP, e cada país (e regiões do mesmo país) manterá a sua pronúncia característica. De facto, as principais dificuldades de comunicação entre os cidadãos da CPLP, não provêm da grafia mas sim da fonética e da terminologia pelo que prevalecerão sempre. Dispendioso porque o novo acordo ortográfico obriga à substituição de dicionários, gramáticas, livros escolares e literários, entre outros. Esta situação é particularmente grave face à crise que atravessamos presentemente e da qual tão cedo não saímos.
Os argumentos dos defensores do novo acordo ortográfico são: i) acabar com a existência de duas normas ortográficas; ii) contribuir para a internacionalização, expansão e afirmação do português; iii) deixar de haver necessidade de fazer textos em português e em brasileiro para documentos oficiais; iv) todos os países da CPLP poderão utilizar os mesmos livros e outros materiais; v) facilitar o ensino e a aprendizagem da escrita e da leitura; vi) baixar com os custos económicos e financeiros nas produções de dicionários, livros didácticos e literários com ortografias diversas. Através deste tipo de argumentos fica claro o tipo de jogadas políticas (relação Portugal/Brasil) e económicas (interesses das editoras) que estão na base do acordo. Estes argumentos não focam em questões centrais, pois como referi anteriormente a grafia é um mal menor na via de comunicação e os custos das novas edições serão muito mais elevados. Por outro lado, ao nível da CPLP, desconheço questões graves ao nível da comunicação que tenham posto em causa a segurança, integridade e soberania das nações. Ao contrário a mobilidade dentro da CPLP é elevada, e em Portugal a integração dos cidadãos do Brasil e dos Países Africanos de Língua Portuguesa (PALOP) é considerada excelente. A língua inglesa e espanhola são as duas línguas com várias grafias, não deixando por isso de ser das mais internacionalizadas.
Em conclusão, este acordo irá beneficiar quase exclusivamente o Brasil, um país que está em forte crescimento económico e social ao contrário de Portugal que está numa fase de recessão. Os PALOP não perdem nem ganham neste jogo, mas certamente serão ‘colonizados’ pelo Brasil. Também não acredito que este acordo impulsionará uma nova projecção e evolução da língua portuguesa em si. A projecção da língua portuguesa deve ser feita ao nível de parcerias inovadoras e competitivas (ao nível internacional) entre instituições da CPLP nas mais variadas áreas (agricultura, comércio, indústria, educação, etc.).
Espero que em Portugal, casa de banho continue a ser casa de banho e não venha a ‘evoluir’ para banheiro (isso sim, causaria uma verdadeira confusão)!
Carolina Barros, nº9 11ºD
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