sábado, 8 de outubro de 2011

A Indecisão

 Texto Argumentativo --> A Indecisão


Escrevo sobre isto, porque sinceramente não tinha absolutamente certezas nenhumas sobre o que escrever; apenas uma data de assuntos em consideração, todos com o seu propósito, mas estava à procura daquele que assentasse bem na vida de todos.
Considerei abordar assuntos como o fumar, o beber, as drogas, entre outros. Surgiu um que achei bastante engraçado. Descobri-o num blog brasileiro e dizia o seguinte: “Porque é que o pernilongo gosta de zumbir em nossos ouvidos?!”. Confesso que me senti bastante tentado em optar pelo pernilongo. E fiquei tentado porque queria que a minha reflexão para este texto incidisse num tema banal, mas com um significado possível e indeterminado, que metesse as pessoas a pensar algo como “ ´Epá… isto realmente é verdade! Nunca tinha pensado nisto desta forma…”
Mas depois voltei a mim e convenci-me que isso era capaz de estar um bocadinho acima das minhas capacidades para um primeiro texto argumentativo.
Foi então que, absorto nos meus pensamentos, decidi fazer este texto, exactamente sobre a Indecisão.
Achei que era um bom tema para se escrever sobre.
A Indecisão é algo que nasce connosco e, após ter tentado encontrar possíveis metáforas para enquadrar melhor o seu papel na vida humana, cheguei à conclusão que a Indecisão é como as borbulhas.
Depois de vários minutos a reflectir sobre o assunto, assumo que as borbulhas possam mesmo ser comparadas à indecisão. Obviamente que se levanta desde já um grande problema: então e as pessoas que não têm borbulhas?
Pois realmente há pessoas que não têm, ou têm muito poucas borbulhas. Já neste aspecto, a Indecisão é importante. Quando estamos indecisos sobre um assunto, é porque não temos a certeza do que fazer ou do que escolher. Existem sempre hipóteses, sempre! No entanto, todos sabemos que ao escolhermos uma, rejeitamos outra, tal como em quase tudo na vida. Chama-se a isto decidir, que é uma das faces da moeda Decisão-Indecisão.
Deste modo, a comparação está feita e, se for necessário admitamos que toda a gente passa pela sua fase “borbulhosa”.
As borbulhas têm diferentes quantidades de incidência ao longo da nossa vida.
Quando nascemos, não temos borbulhas. Isso é certo e, se pensarmos bem na fase inicial da nossa vida, não temos muito com que nos preocupar em decidir. São os outros, os pais neste caso, ou quem detiver a nossa criação e educação que decidem tudo por nós: quando comemos, quando passeamos, o que vestir, o que ouvir, o que ver… A única coisa que poderíamos decidir nos nossos primeiros anos de vida é quando defecar e urinar e mesmo assim não o controlamos, pois são necessidades fisiológicas. Só resta mesmo a hora quando choramos durante a noite para acordar os progenitores e, se reflectirmos com atenção, só choramos porque estamos com fome, ou porque temos a fralda suja, que são factores consequentes das nossas necessidades fisiológicas mais uma vez.
Resumindo e concluindo, nesta fase da vida as coisas ainda são bastante fáceis e sem quaisquer problemas de indecisão.
Numa fase seguinte, já somos mais velhinhos. Estamos na primária. Continuamos sem ter borbulhas. Vá lá… uma de vez em quando, muito raramente. Isto traduz já um sinal de alerta para o futuro, e é quando se começam a ter as primeiras indecisões.
Coisas banais, à partida sem importância relevante e assinalável no nosso percurso vital, que fazem parte da nossa fase inicial do crescimento enquanto cidadãos, mas que ainda assim sem repercussões importantes para o futuro.
Temos indecisões como levar a bola de futebol, no caso dos rapazes, com medo que os miúdos mais velhos do quarto ano nos tirem e joguem com ela, ou que a estraguem; ou com medo que o Manuelinho a atire para o outro lado da vedação, para o terreno dos vizinhos. Ou se levamos a corda ou o elástico para saltar, no caso das meninas, com medo que se a Menina Débora que é estúpida e parva se queira juntar a nós, ou ainda mesmo com medo que se estrague ou que se rompa.
Irá surgir uma coisa ainda neste período da vida que irá assombrar e luzir os nossos dias até ao final da vida e que será daqui em diante absolutamente crucial e incontornável na nossa existência: o amor. A Menina Patrícia, ou o Carlitos começam a olhar para nós e a fazerem uns sorrisinhos. Dois dias mais tarde, após termos passado imensas horas a pensar nos nossos pretendentes ou paixonetas, enquanto víamos os Pokémons ou as Navegantes da Lua, a magia acontece. Os dois pequenos declaram-se, começam a namorar e casam cinco minutos depois, tal é o amor! Enfim, ainda assim nada de muito importante, como iremos confirmar numa fase mais adiantada da vida.
As coisas começam a complicar-se. Segundo e Terceiro Ciclo. As coisas tomam proporções desmedidas. As borbulhas tomam proporções desmedidas. As indecisões tomam proporções desmedidas. Aqui, e só aqui é que se começam a ter verdadeiras indecisões. Quinto e sexto ano, começa-se de forma ligeira. Poucas borbulhas ainda. Possivelmente escola nova, amigos novos. Amigos e amigas novas traduzem novos olhares, novos sorrisos, novas expressões, novos interesses, novas paixonetas, novos amores. E tudo isto vem agregado a um monte abismal de preocupações seguidas de indecisões.
Começa a contar uma coisa bastante importante nos anos de vida seguinte e futuramente na vida adulta, ainda que por diferentes razões. Essa coisa chama-se Imagem. Enquanto andávamos a ver as Navegantes da Lua ou o Oliver e Benji quem queria saber da imagem? A imagem que as crianças se preocupam em manter é quem possui o melhor beyblade ou as chuteiras mais sujas.
Agora as chuteiras sujas são substituídas por camisolas de marca e calças de ganga giras. Vemos o que nos rodeia e pensamos: E agora, o que sou eu? A partir desta idade há a grande tendência para nos modelarmos segundo um certo cânone. As borbulhas começam a aparecer.
Começamos a querer identificar-nos com pessoas que julgamos serem algo mais.
Começamos a olhar para as miúdas no intervalo. As miúdas começam a olhar para os rapazes no intervalo. No Terceiro ano quando casámos com a Menina Olívia éramos miúdos, sem consciência, que mudávamos de namoradas e namorados como quem muda de cuecas. Parece muito, mas mesmo muito distante.
As borbulhas crescem. As indecisões aumentam. “O que levo vestido?”; “Como uso o cabelo?”.
Uma coisa terrível acontece! Olho ao espelho e vejo um ponto branco na cara! O que é isto?! Pois é… Uma borbulha com pus… Utilizando a nossa metáfora isto pode traduzir uma paixão, uma negativa num teste. “Não sei o que fazer… Declaro-me?”. “E agora? Os meus pais vão-me matar.” Um misto de emoção com medo, de entusiasmo e precaução, um avanço e um recuo. Isto é indecisão. O que fazer?! Quando fazer! De repente a vida parece uma máquina de lavar. Nunca sabemos bem o que fazer. Até que começa a conversa chata dos conselhos de profissionais, uma ida ao psicólogo. Há uns que chegam mesmo a meter creme para as borbulhas e, pensam resolver os seus problemas. De facto um creme para as borbulhas pode ajudar, mas elas podem ter tendência para voltarem a crescer. Ou não! Podem mesmo parar de vez. Parece que nunca há um período de estagnação. As coisas complicam-se ainda mais. O furacão Katrina passa pelas hormonas. Primeiro beijo, primeira namorada, oh meu Deus!
Secundário. Sexta Namorada. Depois de um pacote de experiência razoavelmente estendido (como aquelas operadoras televisivas fraquinhas que só proporcionam 50 canais) é como se já estivéssemos um bocadinho mais habituados a lidar com as terríveis glândulas sebáceas.  
Mas a raça das borbulhas não param de aparecer. E para além de borbulhas, aparecem crostas e outras esquisitices na pele, quer por se fazer a barba, quer por se usar demasiada maquilhagem…
Nesta fase da vida, crescem decisões e indecisões acrescidas. Primeiro de tudo o curso que escolhemos no início do Secundário. Mais tarde a Faculdade. Escolher o futuro desejado para a nossa vida. Este percurso está cheio de escolhas e de provas de persistência e força de vontade. Uma grande borbulha no meio da testa completamente branca a abarrotar de pus é o estudar. É preciso muita (mas quando digo muita, é mesmo muita!) força de vontade para se sentar na mesa, abrir os livros e pormo-nos a estudar. É uma prova de esforço incrível em que na maior parte das vezes somos vencidos. Só que agora a moeda é atirada ao ar, e já é muitíssimo importante se cai Decisão ou Indecisão. É difícil escolher, é difícil abdicar, é difícil deixar para trás.
A vida tem de levar um rumo. Nada na vida é feito sem indecisão. Mesmo que não hesitemos, pensamos sempre como teria sido se tivéssemos ido pelo outro caminho. Tenho 16 anos. Não sei como é ser adulto. Podia basear-me em coisas que vejo na televisão ou que leio para escrever sobre a fase adulta e idosa. Prefiro deixar o resto por escrever, porque ainda não tenho a certeza do que hei-de escrever.
A Indecisão é uma coisa inevitável, todos a sentem na pele de qualquer maneira. Não há como fugir. O importante é reter que o poder de vencer a indecisão e decidir é importante. Mas (e há um sempre um mas, passo a fazer a ideia de pleonasmo) é perigosa e também traiçoeira. É impossível determinar se foi uma boa ou má decisão na altura em que ela é tomada. Só é certo que a Indecisão ensina e é a fundamental para o nosso crescimento e evolução enquanto pessoa e no processo do nosso autoconhecimento. As borbulhas acompanham-nos toda a nossa vida. A Indecisão é crucial.

A minha conclusão é a seguinte: Tem de se ter cuidado quando se espremem as borbulhas. Às vezes é complicado, umas não têm nada para espremer, outras são precisas espremer várias vezes, outras formam ferida…
Mas todas são borbulhas. Todas desaparecem. É apenas uma questão de paciência e saber lidar com a situação e estar preparados para se as borbulhas deixarem marca.

Afonso Ramos Bento Nº4 11ºD

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