«De uma maneira geral, as características
do estilo barroco que estivemos a analisar, tanto se encontram na poesia como
na prosa. De uma maneira geral – dizemos – porque, se estivermos bem atentos,
veremos o cultismo usado com muito maior densidade na poesia do que na prosa.
Os prosadores, salvo poucas excepções, inclinaram-se de preferência para o
conceptismo, e este mesmo ainda bastante atenuado.
A prosa clássica atingiu no
período barroco a maioridade. Também nela o culto da perfeição formal deixou a
marca do seu dedo: a lógica articulação das palavras na frase e das frases no
período, a estruturação dos períodos em paralelismos e simetrias, com um
sentido apurado do ritmo, as construções em seriação crescente ou decrescente,
em anáforas, em antíteses, etc.
À margem destas propriedades, a
prosa barroca mostra, de quando em quando, leves matizes conceptistas: no
laconismo e concisão; nas omissões das ligaduras sintácticas ordinárias; num
modo de dizer abrupto e desconexo, originando um ritmo cortado, zigzagueante;
no gosto pela metáfora e pelo dito sentencioso.»
António José Barreiros, História da Literatura Portuguesa
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