domingo, 21 de outubro de 2012

História de Leonardo


 Estas estrofes tratam da história de Leonardo, um português pouco dado ao sucesso amoroso. Este soldado, mesmo que sentisse o amor dentro de si, nunca tinha tido sorte ao amor correspondido. Pensava no seu futuro amoroso como algo predestinado à infortuna, mas mesmo assim não se conformava com esse facto e lutava por uma possível rutura no destino.

 Corria pois atrás da ninfa Efire, que era mais difícil de atingir que as outras e, já num estado de desespero, se declara suplicando-lhe para aceite o seu corpo, pois a sua alma já há muito que nela residia. Pede-lhe também para que, tal como ele, não acredite no destino que lhe estava traçado, pois o destino não permitirá que ele a consiga atingir.

 Tenta fazer-lhe perceber que só sentirá as virtudes do mundo na altura em que esperar por ele, utilizando aqui como metáfora a rapidez com que esta lhe foge. Leonardo, seduz a ninfa pela palavra, vai-lhe propondo algumas interpretações retóricas e esta vai ficando mais sensível ao seu amor, até que este lhe concede também a sua alma. Constata-se que o facto de esta ter dificultado o acesso ao seu amor disputou ainda mais a vontade do soldado de a ter, deixando-o agora num estado de total felicidade. 

Valor simbólico do casamentos

 As estrofes 83 e 84, do canto IX , apresentam-nos o  matrimónio contraído entre marinheiros e ninfas, neste caso especificado ao caso de Leonardo. Este episódio resulta das várias tentativas dos marinheiros por “apanhar” as ninfas na ilha dos amores, tentativas que alcançam o sucesso já perto do final deste canto. Os casamentos com as ninfas são para os marinheiros uma recompensa por todo o ultrapassar de dificuldades que se fizeram sentir até à chegada à Índia. Qualquer ação que contenha mérito próprio é suscetível de ser reconhecida. Esse reconhecimento, neste caso, passa pela entrega das ninfas aos marinheiros, e ao mesmo tempo representa metaforicamente o todo o seu esforço, pois tal como os marinheiros tiveram que lutar para conseguir chegar a estas deusas, também eles tiveram que suportar e passar por muitos obstáculos que se puseram no caminho para a Índia.

 Este reconhecimento é de extrema relevância para a tripulação nacional, pois sabem que mesmo que em Portugal não lhes seja dada a devida importância, já tiveram a sua recompensa, o que remete um pouco também para o que é dito acerca da sua partida e da companhia espiritual das ninfas, no final da obra. É também de salientar que esta recompensa pela glória dos que embarcaram pela pátria, é entregue de forma divina, dado que as deusas do amor se encarregam de satisfazer os prazeres destes marinheiros aventureiros.

Pedro Tomé Nº19 12ºD

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