História de Leonardo
Estas estrofes tratam
da história de Leonardo, um português pouco dado ao sucesso amoroso. Este
soldado, mesmo que sentisse o amor dentro de si, nunca tinha tido sorte ao amor
correspondido. Pensava no seu futuro amoroso como algo predestinado à
infortuna, mas mesmo assim não se conformava com esse facto e lutava por uma
possível rutura no destino.
Corria pois atrás da
ninfa Efire, que era mais difícil de atingir que as outras e, já num estado de
desespero, se declara suplicando-lhe para aceite o seu corpo, pois a sua alma
já há muito que nela residia. Pede-lhe também para que, tal como ele, não
acredite no destino que lhe estava traçado, pois o destino não permitirá que
ele a consiga atingir.
Tenta fazer-lhe
perceber que só sentirá as virtudes do mundo na altura em que esperar por ele,
utilizando aqui como metáfora a rapidez com que esta lhe foge. Leonardo, seduz
a ninfa pela palavra, vai-lhe propondo algumas interpretações retóricas e esta
vai ficando mais sensível ao seu amor, até que este lhe concede também a sua
alma. Constata-se que o facto de esta ter dificultado o acesso ao seu amor
disputou ainda mais a vontade do soldado de a ter, deixando-o agora num estado
de total felicidade.
Valor simbólico do casamentos
As estrofes 83 e 84,
do canto IX , apresentam-nos o
matrimónio contraído entre marinheiros e ninfas, neste caso especificado
ao caso de Leonardo. Este episódio resulta das várias tentativas dos
marinheiros por “apanhar” as ninfas na ilha dos amores, tentativas que alcançam
o sucesso já perto do final deste canto. Os casamentos com as ninfas são para
os marinheiros uma recompensa por todo o ultrapassar de dificuldades que se
fizeram sentir até à chegada à Índia. Qualquer ação que contenha mérito próprio
é suscetível de ser reconhecida. Esse reconhecimento, neste caso, passa pela
entrega das ninfas aos marinheiros, e ao mesmo tempo representa metaforicamente
o todo o seu esforço, pois tal como os marinheiros tiveram que lutar para
conseguir chegar a estas deusas, também eles tiveram que suportar e passar por
muitos obstáculos que se puseram no caminho para a Índia.
Este reconhecimento é
de extrema relevância para a tripulação nacional, pois sabem que mesmo que em
Portugal não lhes seja dada a devida importância, já tiveram a sua recompensa,
o que remete um pouco também para o que é dito acerca da sua partida e da
companhia espiritual das ninfas, no final da obra. É também de salientar que
esta recompensa pela glória dos que embarcaram pela pátria, é entregue de forma
divina, dado que as deusas do amor se encarregam de satisfazer os prazeres
destes marinheiros aventureiros.
Pedro Tomé Nº19 12ºD
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