sábado, 20 de outubro de 2012


AS METAMORFOSES DE OVÍDIO E A SUA RELAÇÃO COM OS LUSÍADAS DE LUÍS DE CAMÕES


Metamorfoses de Ovídio trata-se de um texto narrativo em forma de poema, com versos escritos em Latim, que tratam a evolução do Mundo e tudo o que decorre desse factor.
Esta obra relaciona-se com várias outras grandes marcas da literatura, entre elas a famosa obra de Camões, os Lusíadas. Tal como a obra de Ovídio, os Lusíadas possuem também um cariz épico e lírico. É recorrente o uso de metonímias nas duas obras em questão.
As duas obras entrelaçam-se constantemente num misto de ideias comuns. Camões utiliza frequentemente exemplos apresentados na obra de Ovídio e as características das obras assemelham-se em muitas ocasiões. Ovídio confunde deliberadamente ficção e realidade, assim como Camões. Metamorfoses é ainda uma obra onde o assunto do Amor é tratado com especial incidência. O Amor é precisamente algo que se pode facilmente relacionar com a obra do famoso poeta Lusitano.
Ovídio recorre de uma forma bastante abundante ao uso da Mitologia. São em qualquer uma das obras, quer do autor Italiano, quer do Português, são fornecidos exemplos decorrentes de episódios da vida dos Deuses. Episódios esses que se misturam a maior parte das vezes com situações dos Humanos. Em qualquer uma das obras em questão, o Homem e os Deuses estabelecem relações sem qualquer tipo de barreiras existentes (como se pode concluir através de, por exemplo, os Contos de Amor de Ovídio). Ambas as obras abordam frequentemente estas relações humano-divinas.
Em Metamorfoses são abordadas várias situações relativas ao desenrolar do acto amoroso entre as personagens intervenientes, sendo elas por exemplo:
·         Situações de escapadelas amorosas;
·         Situações de amores entre Deuses e Humanos;
·         Situações de amores impossíveis;
·         Situações de amores incestuosos;
·         Situações de amores não consentidos;
·         Entre outros.
Como já foi referido Camões recorre muito a exemplos e a pilares de narração muito similares a Ovídio.
O amor é na obra de Luís Vaz de Camões um assunto central. É possível estabelecer exemplos claros da sua influência do italiano Ovídio. Existem situações famosas de amores impossíveis como a de Inês e Pedro.  A relação de carinho especial de Vénus pelos navegadores portugueses é um exemplo das relações entre Deuses e Homens. Em Metamorfoses um exemplo dessas relações pode ser a paixão entre Vénus e o mortal Anchises, um príncipe. Todos estes até agora apresentados, raramente apresentam finais felizes.
Penso que o Episódio da Ilha dos Amores se baseia consideravelmente em ideias retiradas e aproveitadas de Camões do Italiano Ovídio. A Ilha dos Amores é um episódio em que:
1.       Se estabelecem relações entre humanos e as tão utilizadas e indispensáveis criaturas da Mitologia, neste caso as Ninfas que habitam na ilha;
2.       São realizadas bastantes escapadelas românticas entre os merecedores navegadores e as sensuais e calorosas Ninfas;
3.       São perpetuados amores fortes em que os sentimentos são o que mais se valoriza.
No episódio da Ilha dos Amores pode estabelecer-se uma ténue relação com o conceito da Idade de Ouro de Ovídio. A Idade de Ouro caracteriza-se por uma época onde tudo era belo e pacífico, tal e qual como as relações entre navegadores lusitanos e Ninfas da Ilha. É estabelecida uma relação que se torna pura com a consagração de matrimónio entre os dois sujeitos. Tudo é belo, simples, puro, tal como na Idade do Ouro. Aspectos como o amor à primeira vista são também indícios que Camões se baseia nas Metamorfoses para escrever a famosa epopeia dos Lusíadas.
Para concluir, tanto a obra de Camões como a de Ovídio servem também, ainda que de uma maneira bem disfarçada para transpor a qualidade humana no seu melhor, mas essencialmente no seu pior. Críticas efectuadas aos vícios, aos excessos, à maldade, à ganância dos homens, à vaidade, estão constantemente presentes em qualquer uma das obras.
(Exemplo: "Vejo o que é melhor e aprovo, e sigo o que é pior", dita por Medeia no Livro VII, para se referir ao akrazía, fraqueza de vontade, e correlacioná-la aos vícios humanos.)
Em suma, nos Lusíadas recorre-se de diversas maneiras a um exemplo central da literatura Mundial, bastantes vezes utilizada e parafraseada por inúmeras personagens importantes ao longo da história, sendo o nosso Luís de Camões uma delas.

Afonso Ramos Bento Nº4 12ºD

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