Será o direito ao voto universal suficiente para afirmarmos que vivemos em democracia?

Se formos à literalidade das palavras, em Portugal, voto universal (sufrágio universal), significa que cada cidadão de nacionalidade portuguesa, que já tenha a maioridade, tem o direito ao voto. Democracia é um regime de governo em que o país é governado por representantes elegidos pelo seu povo, logo pelos cidadãos, pelo tal voto universal.

Assim sendo, numa primeira visão, seria possível afirmar que o direito ao sufrágio universal seria suficiente para afirmarmos que vivemos em democracia.

Existem é problemas associados ao que chamamos de democracia.

Por exemplo, o voto universal é um direito de todos os cidadãos, no entanto, apesar de ser socialmente visto como um dever, há cidadãos que têm dificuldade em se deslocar às assembleias de voto, e outros, que não se revendo nos partidos concorrentes às eleições se abstêm de votar, o que significa que uma grande parte da população não vota. Neste caso, os representantes que irão estar a governar o nosso país, poderão ter sido eleitos por uma pequena minoria da população, e assim, não é a vontade do povo na sua totalidade que está a ser implementada.

Por outro lado, os media e os censos feitos, não representam a realidade, e assim conseguem facilmente persuadir o modo de pensar das pessoas.

Outras questões se impõem a estes pressupostos.

O povo elege um partido para governar o país, no entanto, o que acontece depois das eleições é que esse tal partido, não faz o que se propôs a fazer. É mais comum um partido desgovernar o país do que o contrário. Nesta situação, o povo tem culpa obviamente, pois foi ele que os elegeu, no entanto, nada se pode fazer para os retirar do governo e aí já não estamos em democracia, pois não é a vontade do povo que está a ser implementada.

Se temos o direito de eleger, deveríamos ter o direito (dentro de certos limites) para os retirar dos cargos. Pois sendo a ideia a de eles representarem o país, caso isso não esteja a ser feito, não deveríamos ser obrigados a sofrer com os erros deles.

Um grande problema que existe é que as pessoas do governo, quase que são intocáveis, ou seja, conseguem ver-se livre de quase todas as acusações. Por exemplo, retiraram os subsídios aos funcionários públicos e chegou-se à conclusão que era anticonstitucional. O tribunal afirmou que sim, era anticonstitucional e disse que tal não poderia voltar a acontecer.

Isto é quase o mesmo que dizer: olhe, o senhor assaltou uma loja e matou um funcionário. Vai voltar à sua vida ilibado de qualquer acusação, mas veja lá se não repete o erro. Isto seria considerado absurdo.

Para resumir, o que quero dizer é que pelo lado de fora podemos afirmar que vivemos em democracia, mas se formos ver os pormenores, essa democracia é apenas uma ilusão criada pela sociedade.