domingo, 21 de outubro de 2012

Ilha dos Amores com recurso a Ovídio

 O texto das metamorfoses sugere que quando a terra foi criada, o homem tinha todos os recursos ao seu alcance e com muita facilidade satisfazia as suas necessidades, só que essa facilidade transformou-se em preguiça e fez com que este não ganhasse a mínima preocupação com a natureza, a qual mais tarde ressentiu essa falta de cuidado e dificultou a vida ao homem, obrigando-o a gerir e cuidar melhor dos recursos. Também os valores que estão dentro do homem foram sofrendo alterações, passando estes de lealdade, honestidade ou o amor desinteressado para corrupção, inveja ou ambição desmedida.  


 No episódio da Ilha dos Amores é expressa a vontade de Vénus em reconhecer os marinheiros portugueses pela sua excecionalidade em ultrapassar desafios e premiá-los com o prazer divino num paraíso conhecido por Ilha dos Amores. Esta contemplação tem como valor simbólico a entrega que os deuses fazem aos marinheiros de imortalidade, a recompensa máxima conseguida por um ser humano. Esta caraterística está também relacionada com os valores destes portugueses, que assentavam essencialmente no facto de praticarem os atos pelos atos em si e não terem em vista qualquer recompensa ou interesse secundário, eram atos genuínos e puros. 

 Esta ascensão provocada pelos deuses, tem lugar na Ilha dos Amores, um paraíso que se assemelha à idade do ouro referido por Ovídio, pois neste lugar o homem fica livre de todos os males que o corrompem. Os marinheiros transcendem-se e partilham dos mesmo lugares e prazeres que os deuses, uma recompensa pelo seu esforço heroico. Outro aspeto presente em ambas as obras é a crítica que fazem à imoralidade do homem, ao seu interior obscuro que guarda caraterísticas como a ganância, pois o mundo, segundo Ovídio, começa num caos total que corresponde à viagem com rumo à India, que tem de ser organizado (ultrapassado) e daí resulta o paraíso que é a Ilha dos Amores ou a Idade do Ouro, pois em ambas as situações são os deuses os agentes causativos e o homem o elemento que destrói essa beleza natural, que se segue à idade do ouro.

 Pedro Tomé Nº19 12ºD

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