No episódio da Ilha
dos Amores é expressa a vontade de Vénus em reconhecer os marinheiros
portugueses pela sua excecionalidade em ultrapassar desafios e premiá-los com o
prazer divino num paraíso conhecido por Ilha dos Amores. Esta contemplação tem
como valor simbólico a entrega que os deuses fazem aos marinheiros de
imortalidade, a recompensa máxima conseguida por um ser humano. Esta
caraterística está também relacionada com os valores destes portugueses, que
assentavam essencialmente no facto de praticarem os atos pelos atos em si e não
terem em vista qualquer recompensa ou interesse secundário, eram atos genuínos
e puros.
Esta ascensão
provocada pelos deuses, tem lugar na Ilha dos Amores, um paraíso que se
assemelha à idade do ouro referido por Ovídio, pois neste lugar o homem fica
livre de todos os males que o corrompem. Os marinheiros transcendem-se e
partilham dos mesmo lugares e prazeres que os deuses, uma recompensa pelo seu
esforço heroico. Outro aspeto presente em ambas as obras é a crítica que fazem
à imoralidade do homem, ao seu interior obscuro que guarda caraterísticas como
a ganância, pois o mundo, segundo Ovídio, começa num caos total que corresponde
à viagem com rumo à India, que tem de ser organizado (ultrapassado) e daí resulta
o paraíso que é a Ilha dos Amores ou a Idade do Ouro, pois em ambas as
situações são os deuses os agentes causativos e o homem o elemento que destrói
essa beleza natural, que se segue à idade do ouro.
Pedro Tomé Nº19 12ºD
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