sábado, 20 de outubro de 2012


Os Lusíadas, Canto VI (95.99) - Relacionar com o episódio anterior determinando o que Camões refere acerca de mérito e recompensa

É por meio destes perigos assim, através destes graves trabalhos e temores, que se devem alcançar as honras imortais e os nobre títulos. Não é encostado sempre ao antigo tronco nobre dos antepassados, nem deitado em luxuosos leitos entre peles preciosas. Não é com requintados manjares, não com passeios insolentes e inúveos, não com futilidades que enfraquecem os animais dos filhos dos nobres, não com ambições que a Fortuna tem sempre tão atraentes que não permite a ninguém que mude de rumo por se dedicar a obras de verdadeiro valor. Mas procurar, com os próprios braços, honras que seja mesmo suas; vigiando, vestindo as armas, sofrendo tempestades, suportando os frios ventos do sul, engolindo alimentos corruptos temperados só com duro sofrimento. E com dominar-se e não mostrar medo, mostrando seguro ante a bala de fogo que assobia e leva a perna ou o braço ao companheiro. É desse modo que se forma um calo honroso que despreza as honras e o dinheiro que a sorte, e não a virtude concedem. Assim se esclarece a inteligência e se atinge uma serenidade que permite ver as coisas do alto e julgar as confusas relações entre os homens. São estes o que, numa sociedade regida pelo dinheiro e não pelas amizades, devem ser chamados, mesmo contra as suas vontades, a exercer o Poder.

Tiago Oliveira, nº22, 12ºD

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